Quando se pensa na Península Arábica, pode imaginar-se vastos desertos, camelos e nómadas beduínos. Mas há todo um outro mundo que se esconde por baixo da superfície desta paisagem acidentada: um mundo de mitos e lendas transmitidos por gerações de contadores de histórias. De djinns a ghuls, estes contos foram tecidos no tecido da cultura árabe durante séculos e oferecem um fascinante vislumbre das crenças e medos das pessoas que há milénios chamam ao deserto a sua casa.
Uma das figuras mais emblemáticas do folclore árabe são os djinn. Diz-se que estes seres sobrenaturais são feitos de fogo sem fumo e podem assumir a forma humana ou animal. São conhecidos pela sua natureza maliciosa e por vezes malévola, mas também podem ser benevolentes e até protectores. Diz-se que são capazes de conceder desejos e podem ser encontrados em muita literatura árabe, especialmente nas Mil e Uma Noites.
Outra figura importante do folclore árabe é o ghul. Diz-se que estes demónios assombram o deserto, atacando os viajantes e devorando os cadáveres dos mortos. São muitas vezes retratados como monstros aterradores e devoradores de homens, mas algumas histórias também os descrevem como trapaceiros que mudam de forma.
Mas os mitos e lendas do deserto não se resumem a monstros e demónios. Algumas histórias centram-se nos heróis corajosos que os derrotaram, como é o caso do lendário guerreiro e poeta árabe Antarah ibn Shaddad. É célebre pela sua coragem, cavalheirismo e generosidade, e a sua história tem sido transmitida através das gerações como uma inspiração para muitos.
Os contos da Península Arábica também apresentam uma série de figuras femininas poderosas, como a Rainha de Sabá, que se diz ter governado um reino poderoso e é conhecida pela sua sabedoria e beleza.
Ao explorar os mitos e as lendas do deserto, descobrirá que não são apenas histórias, mas uma janela para a cultura e a visão do mundo dos povos que, durante séculos, chamaram a esta paisagem agreste o seu lar. Por isso, da próxima vez que passear pelo deserto, esteja atento aos djinns, ghuls e a todas as outras criaturas fascinantes do folclore árabe.